quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Considerações (in)úteis – Parte 1 - L’appartement

Percepções, dicas e blá-blá-blá sobre Montreal na visão da Ale.

Como já mencionamos anteriormente, este é um capítulo à parte, mas vou dar uma pincelada no que foi entrar no pequeno studio que estamos chamando de lar por este mês.

Verdade seja dita, o apartamento é muito bem localizado, o prédio muito limpo, e não temos problemas com barulho ou vizinhos chatos por aqui. Mas o rapaz de quem sub-locamos o studio... SOCORRO!!! Ele não tem noções básicas de limpeza!

Bom, vamos do começo... Para escolher o apartamento, utilizamos a dica do Sandro e da Adri de procurarmos no Kijiji, refinando a busca por apartamentos para locação por curto período de tempo. Dentro desta seção, demos preferência aos imóveis mais perto da escola, e quando achávamos alguma coisa que poderia interessar, mandávamos o link para o Sandro e a Adri pra que eles pudessem entrar em contato, e caso o apartamento ainda estivesse disponível, eles ainda davam uma passada em frente pra ver se a vizinhança era legal, se o prédio era bom, etc e tal (ufa... cansei só de escrever!!!). Foram alguns dias de busca, centenas de imóveis pesquisados para escolher uma ou duas dezenas e finalmente ter que decidir entre dois apartamentos, ambos a menos de 1km da escola – ou seja, sem necessidade de usar metrô ou ônibus para ir estudar.

O primeiro era um pouco mais barato e aparentemente em melhores condições, mas precisaríamos abusar mais um pouco da bondade dos nossos amigos porque ele só estaria disponível a partir de 1° de Agosto (nós chegamos dia 21/07). Além disso, estava localizado numa região mais agitada e as pessoas entravam e saíam do prédio sem restrição.

O apartamento que acabamos escolhendo saía um pouco mais caro, mas pudemos entrar assim que chegamos (well, assim que conseguimos limpá-lo). Mas o que pesou mesmo foi a dica que a Adri nos passou: de que apartamentos meio “largados” geralmente dão problema. É o zelador que não cuida (aqui o zelador é como um síndico-administrador), vizinhos que incomodam... Neste aqui, a aparência do prédio era melhor, mais cuidado, só se entra com chave ou interfonando e a rua é mais tranquila. E tirando o fato de que o sujeito que mora aqui é “largado” demais pro nosso gosto, estamos muito felizes com nosso cafofo!

Pra deixar o lugar mais habitável, pegamos as dicas de produtos de limpeza da Adri (o básico: Hertel para o chão, limpa-vidros, Fantastik como desinfetante e para tirar as “cracas” e luvas – nunca achei que usaria luvas para fazer limpeza, mas não tive coragem de não usá-las).

Toda essa “epopéia” nos fez sentir na carne um dos principais desafios daqueles que decidem vir morar aqui: encontrar um apartamento que se enquadre nas suas necessidades. A menos que se tenha alguém que já conheça bem a cidade auxiliando na escolha, é muito fácil alugar gato por lebre por aqui, não por desonestidade dos locatários, mas porque não estamos acostumados a nos atentar para detalhes particulares das construções daqui. Por exemplo:

• se água quente, eletricidade, calefação e Internet estão inclusos no aluguel;
• se o apartamento tem fogão, geladeira e lavadora de louças e qual o estado de conservação;
• se a estrutura do prédio em madeira ou concreto – nos de madeira, além deles poderem abrigar “animaizinhos” indesejáveis, você escuta até a respiração do vizinho;
• qual foi a data da última reforma do prédio/apartamento;
• se o prédio permite máquina de lavar dentro do apartamento, pois dependendo do sistema de escoamento/esgoto, só pode-se usar a lavanderia coletiva, quando existe;
• se a região é calma ou barulhenta, se a vizinhança é boa, se é perto do metro;
• e pra finalizar, se ainda tiver filhos, precisa pensar onde estão as boas escolas para morar próximo à elas – porque aqui se estuda na escola do bairro!

Cansei de novo!!! Os detalhes são muitos, mas acho que consegui listar os principais... Tenho muito mais para escrever, mas vai ficar para outra hora.

Abaixo, umas fotinhas do “lar, doce lar”.

O prédio

Antes 1

Depois 1

Antes 2 

Depois 2
(Olha como ficou legal o tapete, Rê! Merci!)

(Obs.: não tenho a pretensão de estar completamente certa em minhas percepções e informações sobre Montreal e sua dinâmica. Seria muita presunção achar que entendo as coisas por aqui em apenas 3 semanas.)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Imagens de Montreal

O Aeroporto de Montreal (Pierre Elliott Trudeau) está em Dorval, a cerca de 15 km do centro da cidade. Não pude fotografar este trecho, mas é muito semelhante a imagens dos EUA que estamos acostumados a ver na TV e em filmes: freeways, entroncamentos rodoviários com "n" viadutos, galpões industriais, outlets, etc. Já o centro mescla prédios modernos e futuristas com edifícios baixos, ao mais puro estilo francês. Cafés, restaurantes, lojas de grifes famosas, galerias de arte, igrejas imponentes e museus nos remetem a um ambiente semelhante ao europeu. Longe da decadência das áreas centrais de muitas grandes cidades, o centro de Montreal é um lugar charmoso e valorizado. E os bairros residenciais às vezes lembram a Europa, às vezes os suburbios americanos.
A seguir, imagens que retratam algumas das paisagens da cidade:

terça-feira, 26 de julho de 2011

Impressões da semana

Outro dia em que vou dormir tarde (ou cedo, considerando que já é quarta-feira). Como já disse ontem, ainda tenho muito o que escrever sobre a nossa chegada em Montreal, várias fotos, mas novamente preciso ser breve, para aguentar as atividades do novo dia. Não que seja um "fardo" estudar e andar pela cidade, mas essas coisas consomem muita energia.
Só gostaria de compartilhar minhas primeiras impressões sobre Montreal. A cidade e a região metropolitana possuem população equivalente às de Curitiba e RMC. Mas parece que as semelhanças não são muitas. Lembro de quando eu ainda morava no interior do PR e achava a capital uma cidade "grande", "cosmopolita", culturalmente rica e forte na economia. Bom, como já disse, há equivalência no quesito "número de habitantes", mas nos demais Curitiba está muiiiiiiiiiiiiito atrás. Para não falar das outras grandes cidades brasileiras, inclusive das megas São Paulo e Rio de Janeiro, se considerarmos o tamanho de suas populações e o que elas oferecem.
Por exemplo: estive comparando o PIB de Montreal, Curitiba, São Paulo e Rio. Segundo dados de 2008-2009, o Produto Interno Bruto de Montreal equivale a cerca de 31% do de São Paulo, 80% do do Rio e é 3,70 vezes maior que o de Curitiba. Deve se ressaltar que São Paulo e Rio de Janeiro são, respectivamente, cerca de 7 e 4 vezes mais populosas que a cidade canadense. Ou seja, a vantagem per capita de Montreal é muito superior à das metropoles brasileiras.
Há uma overdose de opções culturais e de lazer, um comércio vigoroso (com preços muitas vezes bem inferiores aos do Brasil), um paraíso de opções gastronômicas, uma babel de nacionalidades e línguas. Sem falar no quesito segurança, onde até chega a ser difícil para um brasileiro acreditar que possa andar nas ruas sem ser assaltado ou molestado, mesmo na alta madrugada (isso valendo para homens e mulheres). Que cidade brasileira, do porte de Montreal, possui 4 linhas de metrô, com 66 km de extensão, fora as 4 linhas de trens suburbanos? Mesmo considerando o inverno rigoroso destas bandas, não há como desconsiderar a beleza dos parques, jardins e arborização da cidade neste verão. No domingo eu e minha esposa visitamos amigos no bairro de Île des Soeurs, que é uma lindíssima combinação de parque e cidade, nada comparável aos centros urbanos apinhados que estamos acostumados a ver no Brasil.
Sei que não é legal ficar comparando o nosso País com as coisas positivas que a gente encontra noutros lugares, mas não dá para ficar quieto com tudo isso. É muito bom aqui! Recomendo a viagem a todos.
Logo estarei de volta com outros relatos desta nossa viagem. Uma boa noite!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Partida

Depois de muito tempo sem postar, estamos de volta... Definitivamente, não conseguimos escrever nada aqui nos últimos dias. Corremos um monte com os preparativos para a viagem e depois, já em terras canadenses, estivemos providenciando várias coisas para começarmos as nossas vidas de estudantes intercambistas. Não que tenhamos feito todo o necessário (ainda falta muito), mas pelo menos já conseguimos "entrar" no studio que alugamos (risos)... Isto merecerá um capítulo à parte, para as devidas explicações.
Nossas últimas horas no Brasil foram, no mínimo, inusitadas. Trabalhamos até a manhã do dia de nossa partida (quarta-feira, 20/07). Assim, tentando conciliar trabalho e providências pré-viagem, acumulamos muitos compromissos para a última hora, o que nos fez aceitar de bom grado a oferta voluntária e generosa de ajuda, feita por minha sogra.
Última noite, malas a arrumar, correrias para lá e para cá, eis que a minha esposa vai ao banheiro recolher algumas coisas. Thanam... o que poderia tornar o momento mais desesperador? Isso mesmo... o cano de água da pia do banheiro estourou! Coisa simples... gabinete echarcado, vários produtos danificados, banheiro alagado. Como o apartamento é "novo" e "bem conservado", quem disse que o registro do banheiro funcionava? Nada... Tivemos que fechar o registro geral, que vedou uns 95% do fluxo de água. Consequências: atraso nos preparativos e ida da sogra ao nosso apê no dia seguinte, para acompanhar o conserto hidráulico. Fomos deitar por volta das 02:30 hs, "mortos de cansaço".
Ironia: Minha esposa PRECISAVA trabalhar no dia 20, para não acumular horas negativas. Eu, contudo, já tinha uma quantidade de horas extras, suficientes para me livrarem dessa manhã de trabalho. Mas fui assim mesmo, tanto para dar um "apoio moral" à minha esposa, quanto para ajudar um colega que precisava concluir uma atividade com certa urgência. No fim, eu (que não precisava ter trabalhado) corri que nem um condenado, e minha esposa (que precisava cumprir horário) teve uma manhã bem tranquila. Mas tudo bem, passou...
Almoçamos rapidamente e partimos para o Aeroporto de Curitiba, com destino à Guarulhos/SP, onde embarcaríamos à noite rumo ao exterior. Uma observação importante: devido a aquisição de uma ida e volta por milhagem, e a outra ida e volta em $, eu viajei pela Air Canada e a minha esposa pela Continental. Nisso também pesou o fato dela ter passaporte português e eu não, o que lhe permitiu fazer escala em Newark e me obrigou a vir direto para o Canadá.
Eu, que nunca tinha ido além de Salto del Guayra/PY, estava super apreensivo em viajar sozinho, sem fluência no inglês ou no francês, tendo que fazer conexão em Toronto, passar pela imigração, etc. Mas foi super tranquilo no meu caso, desde o check in. Poucas perguntas, pouca burocracia, muita eficieência e, completada a longa viagem noturna, estava eu aguardando a minha esposa no desembarque do Aeroporto de Montreal. Já a Ale, teve alguns contratempos: primeiro no check in da Continental em Guarulhos, onde lhe fizeram um interrogatório, daqueles típicos da imigração dos EUA, para ela simplesmente PISAR no chão do Aeroporto de Newark, em sua conexão para Montreal. E, chegando aqui, a mala dela não veio... Foi chegar por volta de 10 horas após o seu desembarque, graças a Deus intacta, mas atrasada.
Esse foi o comecinho da nossa viagem. Ainda há muito o que escrever, mas já é tarde da noite e logo cedo teremos outro dia de aulas. Em breve estarei de volta com outras novidades e fotos da nossa viagem.

sábado, 9 de julho de 2011

Realidade e Perspectivas

No post A Origem, reproduzi um argumento em desfavor à emigração, que eu e minha esposa já ouvimos algumas vezes: “Com um emprego legal, muito $ no bolso, vocês não vão precisar mais sair, ficando muito bem por aqui” (esse não é o nosso caso agora). Pensando apenas no dinheiro, na comodidade e, principalmente, no cenário de curto prazo, isso talvez faça sentido. Afinal, por que largar uma vida relativamente estruturada no Brasil para recomeçar muitas coisas num outro país, tendo que dar uns “passos para trás” no nosso padrão de vida? Muitos não conseguem entender esta opção, e é possível que o nosso pensamento fosse outro, caso nos sentíssemos muito “enraizados” à nossa vida e ambiente atuais. Certamente as razões para emigrar são subjetivas, fazendo com que este passo seja positivo para uns e negativo para outros, conforme o caso particular de cada indivíduo. Mas se a questão gira meramente em torno de carreira profissional ou dinheiro, é bom termos um olhar mais crítico sobre o Brasil e suas perspectivas.

Já faz algum tempo que me vem “cheirando mal” esse tal boom imobiliário verificado no País. Nunca me convenceu a conversa mole de alguns veículos de comunicação, financiados por pessoas e entidades interessadas em fazer a “bolha” crescer, dizendo que a escalada de preços era apenas uma “recomposição” de anos de estagnação, que os nossos imóveis é que estavam “muito baratos” anteriormente. Como a riqueza não surge da noite para o dia feito capim, sem lastro algum, é no mínimo estranho ver o custo dos imóveis (e de muitas outras coisas) subirem tanto nos últimos tempos, enquanto os contracheques da população tiveram reajustes bem mais modestos.

Se inicialmente eu estranhava os sinais do mercado imobiliário brasileiro, outros alertas foram surgindo com o passar do tempo. O crediário disponibilizado (acessível e caro), não é uma “arapuca” que vai trazer consequências negativas mais adiante? Os empréstimos, financiamentos e subsídios “camaradas”, que o governo cede generosamente feito um paizão aos seus chegados, não tem custo nenhum para a sociedade? O Real valorizado, que abre as portas aos importados e facilita os gastos no exterior, não tem efeitos colaterais para o País? Sou um leigo em Economia, mas não sou tapado ao ponto de acreditar que diante de todas estas “dúvidas” o nosso crescimento seja sustentavelmente garantido pelos próximos anos.

Dados e projeções recentes (extraídos do site do ex-prefeito do Rio e economista, Cesar Maia – http://www.cesarmaia.com.br/2011/05/bolha-latino-americana/): 1) Para cada 10% de crescimento na China, há cerca de 4% de crescimento, via commodities, na América Latina. Demanda reprimida nos países desenvolvidos e tendência de arrefecimento da expansão chinesa, com impacto direto sobre nós, sua periferia; 2) Projeção de crescimento, mais cedo ou mais tarde, da taxa de juros nos EUA, tornando o nosso mercado financeiro menos interessante; 3) Pressão inflacionária considerável; 4) Expansão mais modesta do PIB que nos últimos anos; 5) Projeção do déficit em conta corrente, de US$ 60 bilhões; 6) A balança comercial da indústria passou de um superávit de US$ 18 bilhões para um déficit de US$ 22 bilhões em cinco anos; 7) Déficit de US$ 18 bilhões na balança comercial dos derivados de petróleo (crescente nos últimos anos). Como dizia Simonsen, "a inflação fere, mas o balanço de pagamentos mata".


Existem “n” motivos que podem desmotivar uma pessoa à emigração, o que nos leva a respeitar opiniões e objetivos de vida diferentes dos nossos. E particularmente o programa de imigração do Canadá não visa atrair gente para uma “corrida do ouro”, prometendo riqueza fácil e abundante. A idéia é qualidade de vida (vou escrever mais sobre isso em postagens futuras). Mas, sem deixarmos de amar e respeitar a nossa Pátria, sem renegarmos a nossa origem, não podemos desconsiderar as incertezas que rondam o nosso futuro. Respondendo à questão transcrita no 1º parágrafo, eu diria: “Não estou emigrando por dinheiro. Mas isso também não é motivo para me segurar aqui, aliás, motivo algum”.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Desabafo

Hoje estou encerrando o dia MUITO revoltado com o Brasil. Não é aquela coisa "hoje acordei revoltado com a vida, com o País, com a violência, etc". Foi uma situação real, que me afetou diretamente, que não vem ao caso comentar aqui, mas que me tirou do sério. E que reforçou ainda mais o desejo de emigrar. Mesmo considerando os desafios da adaptação de um imigrante recem-chegado numa terra estranha, acho que a minha tolerância com um país que não tem nada de sério e decente extrapolou, o que facilita em muito minha adaptação num outro lugar onde a "vergonha na cara" ainda não tenha se extinguido.
Mas deixando de lado este desabafo e trazendo uma nova contribuição aos leitores deste blog, tenho uma dica muito interessante, de uma palestra (bem dinâmica) que trata da inserção dos imigrantes na cultura e no mercado de trabalho canadense. Pelo menos me trouxe muitas informações úteis e oportunas, que tornam o meu processo mais "consciente" e realista.
São quatro vídeos disponíveis no link http://vimeo.com/17473916. Vale muito a pena ver, é muito bom, mesmo para aqueles que não vão emigrar. Ele "amplia" a visão de mundo e nos faz entender como funciona a cabeça das pessoas em outras partes do planeta.

Abaixo, um mapa com o índice de percepção de corrupção nos países. Quanto mais escura a cor, pior. Comparando o Brasil e o Canadá... Sem comentários.
Um abraço a todos e até breve!